Het Muziektheater, Amsterdam.
Ontem fui ao Het Muziektheater de Amsterdam assistir a um espetáculo de música erudita. O evento tem uma particularidade: é de graça!
Dois músicos em conjunto executando peças com Harpa e Cello. Que maravilha!
Acontece todas as Terças-feiras no hall do teatro, das 12:30h às 13:00h. O publico aparece e comparece. Diversas pessoas já esperavam as portas abrirem antes das 12:30h. Lotaram as cadeiras organizadas para o evento. E tudo flui na mais perfeita ordem e harmonia.
No imponente Concertgebouw (a maior casa de concertos de música erudita da Holanda) o dia é Quarta-feira, no mesmo horário.
Em Amsterdam há diversos locais onde há música erudita/clássica de graça (cito alguns no final do post). São apresentações curtas, mas o tempo suficiente pra estimular o desejo de querer mais. Encorajar o esteta que mora dentro de cada um de nós. Sem contar na oportunidade para aqueles que já apreciam o estilo de música mas não podem pagar para assistir a um espetáculo, apesar dos preços acessíveis.
Durante o concerto me veio à mente (inevitavelmente) o amplo leque de diferenças que se colocam entre um país como a Holanda e o Brasil. Claramente não se trata apenas de diferenças culturais. A perspectiva é mais ampla, se alarga quanto mais o pensamento investiga e avança. A história de um país, o modo como sua gente enfrenta as adversidades, sua resiliência ou desistência moldam seu caráter e por consequência como organizam sua sociedade. Politica, social, econômica e culturalmente. Não vou entrar na discussão dos porquês, afinal isso seria uma análise antropológica e não cabe aqui esse propósito. Nem sou eu a pessoa indicada para tal análise. Que fique claro também, que isso não é uma reclamação do Brasil ou síndrome do vira-lata como ouvi por aí. Apenas uma simples reflexão na tentativa de estabelecer uma conexão, inventariar possibilidades - se é que elas existem.
Fiquei pensando no modo simples, inteligente e generoso que os holandeses encontraram para disseminar, incentivar a arte. Levá-la para perto do público oportunizando o acesso a um tipo de música que geralmente se encontra distante da maioria, cria condições para que a pessoas possam aprender, educar o ouvido e usufruir de algo que pode transformar a vida.
Sim, a questão financeira e política conta, e muito. O governo holandês coloca as artes como parte fundamental de sua sociedade. Subsidiando a cultura generosamente - apesar dos cortes nos últimos anos devido a crise. Isso se reflete no preço dos ingressos para assistir um espetáculo de arte, por exemplo. Seja música, ballet, ópera, etc. Assim, com um razoável planejamento - comprando os ingressos antecipadamente - o espectador tem a oportunidade de encontrar preços para todo tipo de orçamento. Só dar uma olhada no site dos locais que você vai ver que o mesmo espetáculo tem diferentes preços, dependendo da posição escolhida, muitas vezes começando a partir de 20 euros ou menos - a dica é sempre comprar com bastante antecedência porque a procura é grande.
Mas voltando as conexões. Imagino se no Brasil isso seria possível. Se os governantes tivessem uma preocupação com a arte e a cultura, idéias simples poderiam ser transformadoras. Se a perspectiva fosse levada a sério, com a importância que a arte merece. Alguns podem achar isso utopia, sonho ou apenas divagações porque o assunto envolve questões políticas e isso é assunto delicado (pra não dizer catastrófico). Mas sou do tipo otimista.
Em São Paulo por exemplo, acontecem apresentações gratuitas que muitas vezes as pessoas nem sabem. Por falta de divulgação, incentivo, encorajamento. A própria mídia não dá importância fazendo descaso quando o assunto supostamente não vai dar ibope. Temos artistas super talentosos, somos musicais por natureza . Afortunados com uma riqueza de ritmos e estilos de fazer inveja aos gringos. É só observar a quantidade de músicos de rua nas cidades, tentando ganhar uns trocos pra levar a vida. Pessoas simples, sem estudo, mas que por intuição e amor aprenderam a tocar um instrumento. E o público? acredito fortemente que as pessoas em geral se interessam por arte, por boa música, apenas não tem a oportunidade do contato. Ouvir boa música é uma questão de iniciação, de aprendizado. No início tudo pode parecer estranho e até enfadonho para alguns. Mas com dedicação, atenção e ocasião tudo pode acontecer.
Alguns locais de apresentação de música com entrada grautita (ou preços módicos).
Confira a programação clicando nos links de cada local.
*Westerkerk (órgão)
A Westerkerk é a igreja onde o corpo de Rembrandt foi enterrado.
Aberta ao público de segunda a sábado
das 10am às 5pm, fechada aos domingos.
A igreja foi construída entre 1620 e
1631.
Entrada
gratuita, alguma doação é bem vinda na saída.
A
Igreja conta com um coral acompanhado de órgão e uma reflexão do pastor.
Agenda 2013 (de Abril a Outubro) e 28 de Dezembro 2013
Agenda 2013 (de Abril a Outubro) e 28 de Dezembro 2013
Concertos
de Almoço.
Telefone:
020-6718345
Toda
quarta-feira das 12:30h às 13h, Grande Salão (Grote Zaal) ou Pequeno Hall
(Kleine Hall)
Chegar
30 min. antes é aconselhado, o evento é prestigiado e a fila se forma fora do
prédio tem muita gente.
020-6792103
06-49722353
Às
Quintas- feiras as 12h30;
Amsterdam Zuid, President Kennedylaan 923 ou no
endereço
Burgerweeshuispad 301
O
Conservatório de Amsterdam fica ao lado do prédio da Biblioteca (Oba), pertinho
da Centraal Station.
Concertos
à hora do almoço às sextas-feiras 12:30h -13:00h, exceto durante as férias
escolares.
Endereço:
Oosterdokskade 151, 1011 DL
Amsterdam.
Telefone:
020-5277550
Email:
info@cva.ahk.nl
Concertos na Oosterkerk são -salvo disposição em contrário - livre acesso.
Contribuição voluntária se desejar.
Kleine Wittenburgerstraat, 1
- 1018 LS Amsterdam ,
Fone: 020- 627 22 80 (9h-15h)
Concertos
semanais à hora do almoço - terças-feiras a partir 12h30.
Beulingstraat
11, 1017 BA Amsterdam,
Fone
- 020-679 82 07
Fone:020-7882029
Os
Concertos acontecem uma vez por mês, iniciam a 13horas e tem duração de uma
hora. Apresentação de jovens talentos.
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