quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O TRAFICO DE PESSOAS NO MUNDO









Um crime que nos envergonha a todos.
It is a crime that shames us all.



É um fenômeno mundial que acontece todos os dias a todo instante, mas infelizmente poucos tomam conhecimento ou sequer se dão conta da gravidade e extensão do problema: o tráfico de pessoas no mundo. Uma atividade subterrânea, invisível e com ramificações globais. Logística e aparatos bem organizados e planejados. Formada por quadrilhas conectadas internacionalmente, pessoas movidas pela ganância da riqueza, pela frieza e pelo desdém por seu semelhante. Raptores, mediadores, pessoas envolvidas com o poder, ás vezes infiltradas nos meios instituicionais. Redes de difícil detecção. Um crime que toca num ponto fundamental: o direito humano à vida e a dignidade.


“O que é o tráfico de pessoas?
O tráfico de pessoas é caracterizado pelo "recrutamento, transporte, transferência, abrigo ou recebimento de pessoas, por meio de ameaça ou uso da força ou outras formas de coerção, de rapto, de fraude, de engano, do abuso de poder ou de uma posição de vulnerabilidade ou de dar ou receber pagamentos ou benefícios para obter o consentimento para uma pessoa ter controle sobre outra pessoa, para o propósito de exploração". A definição encontra-se no Protocolo Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças, complementar à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, conhecida também como Convenção de Palermo.” 


Embora o tráfico seja amplamente reconhecido pelas autoridades e governos como uma violação aos direitos humanos e muitas organizações internacionais se mobilizam para resolver o problema, ainda tem-se muito a fazer pelas vítimas, reais e em potencial. Os dados e informações concretas são poucos. Apenas uma parcela pequena das pessoas traficadas consegue ser identificada e poucos apresentam queixa às autoridades competentes. Muitas vezes por medo da exposição, vergonha e pudor. Dificuldades de investigar os criminosos, falta de denúncias e provas contundentes, limites na legislação, bloqueio de dados pelas leis de alguns países, são os principais entraves que se apresentam à questão. Tudo acontece na clandestinidade, na invisibilidade das sombras.
A grande maioria das pessoas traficadas são mulheres e crianças, embora homens e garotos também fazem parte do contingente de pessoas traficadas. De acordo com estimativas 2,5 milhões de pessoas estão em trabalho forçado (incluindo a exploração sexual) em determinado momento como resultado de tráfico (fonte do site UN.Gift).

A América Latina é uma das principais origens de crianças e mulheres traficadas. As vítimas se caracterizam pela vulnerabilidade, condições econômicas, sociais e domésticas na maioria das vezes precárias. As mulheres em geral são traficadas para exploração sexual e trabalhos forçados. Algumas vezes com seu próprio consentimento, com a falsa promessa de dinheiro fácil e farto. Ao chegarem ao destino a realidade é diferente. Mantidas em situação de débito para com seu algoz são obrigadas a trabalhar como escravas em condições subumanas. Sofrendo violência física e emocional.
Crianças são traficadas por vários motivos: trabalhos forçados na economia informal ou trabalhos domésticos (a pouco ou nenhum pagamento), exploração sexual através da prostituição, adoção ilícita em outros países, retirada e venda de órgãos, atos ilegais como pedir esmolas, roubar pessoas, servir de “mulas” para transportar drogas, crianças-soldados, lutas armadas em países em guerras, etc. Quando o destino das crianças é o trabalho forçado na economia informal fica ainda mais difícil de rastrear seu paradeiro.


Aos pedaços
O outro lado da história que envolve o tráfico de pessoas é o hediondo contrabando de órgãos. Na verdade ao longo dos anos, a demanda de pacientes com falência de órgãos tem excedido a oferta de órgãos para doação. Por causa do avanço da tecnologia nas cirurgias de transplantes e novos medicamentos no pós-cirúrgico a demanda por órgãos aumentou consideravelmente. Em contrapartida a qualidade de vida também aumentou, por conseqüência elevou a expectativa de vida. Essa disparidade cria um fértil e sinistro campo de atuação para o crime organizado.
O mercado clandestino de obtenção e venda de órgãos é uma indústria organizada que explora a vulnerabilidade do potencial doador através da coerção. Na grande maioria são pessoas pobres e em sérias dificuldades financeiras, no limite de suas forças. Fragilizados pelo contexto em que vivem, são presas fáceis de mediadores/compradores de órgãos que prometem quantias consideráveis que muitas vezes não são cumpridas no final. Outras o acerto é feito com quantias mínimas que o doador gasta em alguns meses após o transplante e que definitivamente não resolve sua condição miserável. O processo retira do doador não somente seu órgão, mas a esperança e a dignidade de não ter escolhas. E principalmente sua saúde. Feito na clandestinidade o doador não tem nenhum tipo de suporte no pós operatório.
Os rins são os principais órgãos negociados, mas há também a venda de corações, pulmões, fígados, córneas. Os preços chegam a milhares de dólares dependendo o tipo do órgão. Um rim, por exemplo, pode custar até 200 mil dólares. Mas esse dinheiro todo não acaba nas mãos do doador, mas sim uma pequena parcela dele.
O aspecto em discussão aqui é a reflexão ética que envolve o crime. O objetivo último do tráfico reside na questão comercial e financeira do processo. O que importa de fato é a quantia de dinheiro envolvida na transação, quem ganha e quanto ganha, ao invés da saúde e do bem estar do doador e do receptor. O órgão se torna meramente uma mercadoria nas mãos inescrupulosas dos criminosos. E não algo que realmente pode salvar vidas.

  



Turismo do Transplante
Filipinas, Egito, Paquistão, China, Brasil, Àfrica, Índia e Turquia são alguns dos países fornecedores de doadores, espontâneos ou não. Onde o tráfico acontece com freqüência e persistência. Várias modalidades se apresentam para a efetivação do “negócio”: receptores viajam até o país de origem do doador para receber o órgão em clínicas clandestinas; o doador vai até o receptor, ou até mesmo ambos vão a um terceiro país para realizar a cirurgia.
Mesmo os médicos que não tem nenhum envolvimento ou parte no comércio de órgãos acabam tendo uma responsabilidade na assistência médica aos beneficiários quando estes regressam ao seu país após terem sido submetidos a transplante de um órgão. Muitas vezes a cirurgia foi feita em condições não ideais o que mais tarde traz conseqüências indesejáveis aos receptores.
Essa logística dificulta o rastreamento das quadrilhas que agem na obscuridade de fachadas clandestinas. Até mesmo em países europeus afetados duramente pela crise há notícias de ofertas de venda órgãos (embora ilícito). As pessoas em condições de pobreza e dificuldades perdem a noção do que é ético ou não. Em ambos os lados. Aqueles que necessitam do órgão para viver e aqueles que necessitam do dinheiro para sobreviver.

 A conscientização sobre o tráfico de pessoas está crescendo no mundo todo. Atualmente com um número cada vez maior de pessoas conectadas pela internet as informações tendem a se espalhar rapidamente.
A sociedade civil tem um papel importante nesse processo, você, eu, nós todos somos também responsáveis por isso. Mas podemos nos envolver e transformar as coisas com um pouquinho de participação. Com aquilo que cada pode fazer. Através do compartilhamento das informações às pessoas da sua rede - principalmente aquelas que possam ser vítimas em potencial das ações criminosas. Se você conhece alguém que possa estar nesse grupo, compartilhe os modos de prevenção, converse, explique. Informe de modo claro e objetivo sobre a existência do crime organizado para o trafico de pessoas. Quanto mais se falar sobre a questão, disseminando as idéias e informações, os modos de prevenção nas cidades e comunidades mais alcance terá a conscientização do problema. Palestras nas escolas para ensinar às crianças as formas de abordagem, comunidades de apoio e suporte às vitimas em potencial e suas famílias, material informativo, envolvimento das mídias através de campanhas, anúncios informativos. 



*Na Europa, estima-se que o tráfico de pessoas movimente 2,5 bilhões de euros todos os anos.

*Um artigo recente sugere que um quinto do aproximadamente 70.000 rins transplantados no mundo a cada ano vem do mercado negro.

*segundo Debra Budiani-Saberi, uma antropóloga médica que estuda o tráfico de órgãos desde 1999. Indivíduos em situação de vulnerabilidade, como refugiados, podem ser forçados a ficarem em dívida e então receberem uma oferta “oportuna” para “doar” um órgão e pagar a dívida.

* Na China, um ponto crítico mundial do transplante de órgãos e do turismo de transplante, os órgãos são obtidos a partir de seu vasto sistema de prisões e campos de trabalhos forçados. Doadores incluem criminosos condenados, bem como dissidentes políticos, tibetanos e praticantes da disciplina espiritual do Falun Gong, segundo Arthur Caplan, professor e chefe da Divisão de Bioética do Centro Médico Langone da Universidade de Nova York. Médicos militares chineses têm acesso a enormes bancos de órgãos vitais alojados no vasto sistema prisional e de campos de trabalho do país.


  
CRIANÇA DESAPARECIDA

Você viu? Você sabe?

DISK 100




*Campanha Internacional Coração Azul

O que é a campanha Coração Azul?
Uma iniciativa de conscientização para lutar contra o tráfico de pessoas e seu impacto na sociedade.
A campanha Coração Azul busca encorajar a participação em massa e servir de inspiração para medidas que ajudem a acabar com o tráfico de pessoas.
A campanha permite que todas as pessoas demonstrem sua solidariedade com as vítimas do tráfico de pessoas, usando o Coração Azul.









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