domingo, 22 de maio de 2011

Diferenças culturais: Happy Birthday, Gefeliciteerd!




A Vivência das diferenças -
Só pra refletir...


Uma das coisas que mais pega os estrangeiros que vivem fora de sua terra natal são as diferenças culturais. Das mais variadas espécies, tipos e tamanhos. Nos mais diferentes graus de aceitação ou rejeição total. Inevitável a comparação com sua própria cultura, quando você se depara com hábitos e costumes tão diferentes daqueles que conhece. O que não significa que isso seja algo ruim ou negativo. Acho até super saudável alguém ter a oportunidade de experienciar isso, a vivência das diferenças.
Acredito que a gente só conhece bem ou realmente pode expressar gostos quando vive de fato e experimenta o outro lado das coisas. Quero dizer: alguém que vive e conhece jeitos diferentes de viver, hábitos e costumes desconhecidos até então tem sua capacidade de discernimento ampliados pra relacionar, argumentar e escolher.

Sem falar na capacidade de tolerância que cresce na mesma medida da tua disponibilidade, abertura e aceitação pelo novo.

Falando pessoalmente posso dizer (confortavelmente) que meu saldo é muito mais positivo do que negativo. Explico: a escolha de morar fora foi feita de coração aberto e cheio de ótimas perspectivas. Como já conhecia e gostava de Amsterdam tudo ficou + fácil. Assim, a empatia com a cidade aconteceu desde o primeiro momento. Mas acho que isso é muito pessoal mesmo, coisa de feeling... Ou tem ou não tem. Mesmo assim, é inevitável o encontro com o diferente, impensável ás vezes. Muitas delas agradáveis outras nem tanto.
Como tendo sempre ver o lado positivo nas coisas vou falar das coisas agradáveis, até por que no meu caso são maioria (ainda bem!).
Por exemplo, aqui as festas de aniversário de criança são muito diferentes do que no Brasil. Aqui as festas têm hora pra começar e pra terminar; geralmente 3 a 4 horas. As crianças são deixadas no local da festa e depois apanhadas no final. Em alguns casos os pais são bem vindos (o convite expressa ou não essa condição). Mas é bem claro: a festa é pras crianças, não um pretexto pros adultos se encontrar, comer e beber. Aliás a comida é só um detalhe, algo frugal ou um kit pronto igual pra todos, nada de exageros e mesa farta, de tudo um pouco. O motivo é comemorar brincando.
As festas acontecem nos mais diferentes lugares: tem festa em playgrounds com brinquedos tipo pula pula, piscina de bolinhas, etc; festas em museus com workshop de pintura e visita à exposição; festa em mini academias de ginástica, algo como ginástica olímpica; festa no teatro, com direito a vestimentas e fantasias; festa no cinema, com tour pra conhecer os bastidores; festa em casa; festa no Museu da bolsa; festa num passeio de barco com panquecas e sorvetes; festa na casa de panquecas com direito a workshop de culinária, etc, etc.
Mas o que mais me chama atenção é que aqui a festa de aniversário tem uma conotação mas relax, mais simples mesmo. As crianças vão pra festa vestidas com roupas simples, dia a dia, sem nada de glamour ou tipo “roupa de festa”. Vão preparadas pra brincar, tipo topa tudo, se sujar inclusive. Quer coisa mais infância do que isso?! Mais natural e prazerosa!? Acho isso muito legal, adoro mesmo! porque passa pras crianças uma noção mais verdadeira dessa data tão especial. Por ser simples, a festa não enaltece um mundo de aparências e muitas vezes de ostentação. Não tem verniz, nem goma, acabamento ou maquiagem, nem vestido de festa.
Nada contra o “vestido de festa em dia de festa”. Se enfeitar pra ir a uma festa também é uma maneira de homenagear quem você gosta, o dono da festa. Algo como dizer: "me vesti assim com a roupa mais bonita pra agradar você!” – e isso também é muito cultural.
Mas no Brasil, por exemplo, temos uma cultura de festas quase épicas, exageradas, onde quanto maior a encenação maior a impressão nos convidados. A criança nem se dá conta (na verdade acaba aprendendo depois) de todo aparato e de toda a pompa, porque pra ela o importante é tão menos do que isso, é só brincar!
E isso é muito cultural mesmo, são coisas aprendidas de quem vive imerso num sistema determinado, de repetição de hábitos, costumes e principalmente valores.
Às vezes as pessoas repetem o costume, sem ao menos se questionar se gostam mesmo de verdade desse tipo de festa. Como é tão inserido na cultura, pensam que isso é o melhor presente pros filhos, algo muito desejado e esperado. Quanto maior a festa, maior a homenagem ao aniversariante e porque não aos convidados.
 E assim a festa acaba sendo uma festa para os adultos: com muita comida e bebida e diversão.
Mas pra quem é a festa afinal e qual a sua intenção?
O ato de celebrar um aniversário conta mais a alegria do momento e como dividi-lo com aqueles que gostamos.



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